quarta-feira, 28 de maio de 2008

Apicultura Apishonig

Um pouco da história da Colmeia Golz


Pretendo neste blog apresentar a todos os amantes da apicultura uma colméia que talvez não seja tão conhecida ainda, principalmente no Brasil: a colméia Golz. Ela teve sua origem na Alemanha, ou seja, o primeiro protótipo foi criado e desenvolvido em 1957, pelo apicultor Wolfgang Golz.

Ele, ao retornar com seqüelas da 2ª guerra mundial, não teve como continuar mais a trabalhar com colméias verticais, pois não podia levantar muito peso. Foi quando então desenvolveu uma colméia que atendesse, em primeiro lugar, as suas necessidades, isto é, uma colmeia horizontal, em que não fosse necessário levantar melgueiras para se ter acesso ao ninho.

Como não havia, no mercado na época, uma colméia tal, resolveu, a princípio, usar uma Trogbeute, que se trata de uma colméia mista entre colméia horizontal e vertical, ou seja, o ninho contém 20 favos para postura e as melgueiras são menores de oito favos largos, que,colocadas sobre o ninho, só ocupam em parte a extensão do mesmo. (Por foto). No início o Sr. Golz começou a usar as Trogbeute e um fato chamou-lhe atenção nas mesmas: que elas eram fáceis de serem manejadas enquanto não precisassem das melgueiras.

A partir dessa colméia começou a fagulhar uma idéia: deveria ser possível criar uma colméia em que o apicultor trabalhasse só na horizontal. Depois de alguns experimentos e algumas adaptações nasceu a Golzlagerbeute, hoje denominada de Golzbeute ( Colméia Golz). Como a nova criação fez sucesso,contagiou outros apicultores, também impedidos de levantarem peso, passaram a usá-la, o que se propagou de tal forma na Alemanha que, após 50 anos de sua criação ( 1957), já é hoje a terceira colméia pela procura de cera usada no caixilho da colméia Golz .


O caixilho se chama Kuntz, 25 de largura por 30 altura, um caixilho portanto alto.Este caixilho se equivale ao caixilho usado no Brasil na Colmeia Schrirmer, colméia esta, ao meu ver superior, à colméia americana. No momento estou com três colméias Schrirmer em teste. Em um futuro próximo devo tecer mais alguns comentários sobre a mesma.


Como cheguei a conhecer a Colméia Golz? Em 1985 passei a trabalhar em Entre Rios, Colônia Vitória como professor de alemão e português, encontrava-me no meu terceiro ano profissional. Por me encontrar numa região agrícola e altamente viável para a apicultura, comecei a construir minhas primeiras caixas de abelhas, à base do serrote. Que sofrimento! Mas o encanto com o mundo das abelhas foi se tornando cada vez maior e para saciar a curiosidade, livros específicos foram adquiridos e avidamente lidos e relidos, cursos de apicultura foram feitos, enfim, o embasamento teórico foi se alargando na mesma proporção. Havia passado um ano de prática de lida intensiva com as “moças”.


Foi quando surgiu uma possibilidade de ir para Alemanha por um ano por intermédio de um Intercâmbio de Professores. Isto foi no ano de 1986. Não perdi naturalmente a oportunidade de conhecer apicultores alemães nesse período como também adquiri alguns livros deles. Num primeiro momento percebi que ainda não sabia quase nada de apicultura e que me encontrava num país , em que , mesmo não sendo um paraíso para a apicultura comparando com o do Brasil, a mesma se encontrava altamente desenvolvida e com uma organização dos apicultores de dar inveja. Passei neste ano a conhecer manejos e caixas diferentes.

Foi quando na compra de um livro de apicultura, através de um folder de divulgação, encomendei junto um simples polígrafo, no qual se apresentava a colméia Golz, de aspecto muito diferente das demais. O fato mesmo que me fez adquirir aquele polígrafo foi que o autor do mesmo comentava nele que era funcionário de um correio( portanto oito horas de trabalho) e que manejava nas horas de folga 200 colmeias, efetuando trocas de rainhas e todo o manejo necessário para se obter uma boa produção de mel por caixa. Este fato me chamou atenção! Como seria isso possível? Ao ler o polígrafo muitas dúvidas foram sendo respondidas.




A Colméia Golz e a apresentação de seus componenetes


O que é afinal a colméia Golz?
Trata-se de uma colméia horizontal, ou seja, tanto o ninho como a melgueira encontram-se na posição horizontal, em que na parte da frente fica o ninho com 17 favos 25 x 33, denominado Kuntzsch e atrás no mesmo tamanho a melgueira, igualmente com 17 favos, ambas as partes separadas por uma tela excluidora. Esta colméia, embora grande e meio desajeitada num primeiro momento, apresenta inúmeras vantagem sobre a langstroht e demais colméias verticais, vantagens essas que me convenceram a investir na mesma. Mais adiante passo a relacionar as vantagens da mesma


Esta é tela excluidora que separa o ninho da melgueira. Ela, além de separar o ninho da melgueira, ela serve ao mesmo tempo como apoio para os favos dos dois compartimentos. Ela simplesmente é encaixada numa ranhura feita nas paredes internas da caixa. Embora ela possa ser retirada, permanece fixa na caixa. Já aí tenho uma primeira vantagem sobre os modelos verticais. Tenho uma tela excluidora com todas suas vantagens e desvantagens, sem nunca precisar movê-la do lugar, obtendo maior economia de tempo de manejo por caixa, como proporcionando a ela uma durabilidade de vida útil muito maior, pois como já fora dito: uma vez instalada nunca mais mexida!

O ideal seria que a tela excluidora fosse mais larga, porém como não há telas neste tamanho no Brasil e uma confeccionada especialmente neste tamanho custaria caro, adaptei a existente no mercado, a mesma usada na colméia Langstroht (americana) e usei-a deitada. A montagem precisa ser feita, de preferência, por um marceneiro, pois trata-se por assim dizer da peça mais importante da colméia. A original se estende mais para a direita e esquerda, deixando uma borda de madeira de somente cinco centímetros de ambos os lados.



Aqui uma foto de como ela fica posicionada na colméia. O ideal seria que ela se estendesse mais para a direita e esquerda.Veja o ponto de apoio dos favos e a tela excluidora americana usada deitada. Repito: a tela serve ao mesmo tempo de apoio para os favos como tela excluidora em si. Estou testando uma sem a tela no meio, porém com a mesma estrutura de madeira. A experiência relatarei mais pra frente.





Este é o formato do favo que é usado na colméia Golz(Kuntszch) . Este favo é considerado alto, ideal para as abelhas, pois imita os favos naturais em árvores ocas, tocas,etc. Não que os favos baixos não funcionem, porém apresentam vantagens sobre os baixos que apresentarei também mais a seguir. Este favo se assemelha ao favo Schirmer, usado na Colméia Schirmer, que é um pouco maior somente, um pouco mais baixo e mais largo. Quando repleto de mel operculado, o favo chega a pesar acima de 2.5kg. Os 17 favos na colméia Golz correspondem a 14 favos da colméia americana. Em outras palavras, o volume total da colméia Golz, 17 favos no ninho mais 17 na melgueira, corresponde a um ninho e quase cinco melgueiras. Ela tem a capacidade de estocar tranqüilamente de 35 a 40 kg de mel.


Aqui se vê uma colméia Golz assentada num suporte ideal: cano de pvc preenchido com brita e cimento, em cuja ponta superior foi adaptada uma tábua de madeira com dois sarrafos nas extremidades, presa ao cavalete por um parafuso-borboleta, este é parafusado num pedaço de ferro rosquado. O ferro com rosca é cimentado junto na hora do preenchimento do cano. Um cavalete barato e de durabilidade longa.


O ideal é que a colméia pode ser instalada numa altura confortável para o apicultor, altura essa que não muda de posição. Sempre se pode trabalhar em uma posição confortável. Aliás, outra vantagem da colméia Golz: grande estabilidade, não tomba tão fácil e se, não se espalha muito, no máximo a tampa cai fora, pois trata-se de uma caixão. Pela sua largura, permite também ser coberta bem melhor , de modo que não fica molhada por qualquer chuva, só chuva com muito vento e o próprio vento não consegue derrubar tão facilmente o telhado: um simples arame recozido passado de um lado para o outro, preso por pregos, praticamente não destelha.





Aqui acima se vê dois tipos de protetores contra formigas: um uma lata virada e o da direita um garrafão de vidro cortado e virado para dentro do cano de pvc, cimentado junto. O que tenho notado que o que permite encher com óleo, o do vidro, é mais eficiente do a lata somente virada.É muito importante também que nenhum capim deve encostar na caixa, pois servira de caminho para elas subirem.


Veja o detalhe do cavalete. Naturalmente que se trata de um cavalete fixo, não sendo ideal para uma apicultura migratória, mas de fácil confecção, de grande durabilidade e proporcionando grande estabilidade à colméia. Lógico que outros cavaletes podem ser usados. Optei por este uma vez que o mesmo é de fácil construção, custo relativamente barato em vista da sua durabilidade, seguro contra formigas e tatus e o mais importante, oferece a possibilidade de ser adequado à altura do apicultor, ou seja, com a caixa em cima do cavalete, a parte de cima da caixa deve ficar mais ou menos na altura do umbigo do apicultor. Essa posição permite que o apicultor trabalhe sempre na mesma postura, contribuindo muito para a saúde da coluna e cansaço prematuro. Para quem trabalha com 5 ou 10 caixas, isso não conta muito, mas quem cuida de muitas, é um fator a ser considerado, principalmente quando se está sozinho.




Aqui podemos ver a melgueira, isolada por um pedaço de mdf. Os três furos que se vê na parte de cima do mdf são opcionais. O inventor da caixa mesmo não usa furos. Estes apresentam algumas vantagens: eu posso deixar alguns caixilhos na melgueira ou até todos durante o inverno, o que faz com que nas primeiras floradas de julho/ agosto não preciso ficar preocupado em chegar atrasado para o aumento de espaço para o mel. Se esse for o caso, elas conseguem depositar mel nos favos da melgueiras, sem obstruir o ninho com muito mel. Este fato já aconteceu este ano. Havia uma colméia que achei que ainda não devesse liberar a melgueira, ou seja, tirar a tampa da melgueira. Como não tive tempo de tirá-la na época certa, as abelhas começaram a depositar mel na melgueira pelos três furos. Havia um caixilho já quase completo de mel. Um caixilho Kuntzsch bem completo de mel chega a pesar 2.5 kg.


Essa técnica pode ser aplicada também nas colméias verticais, ou seja, você deixa uma melgueira vazia sobre o ninho após a colheita, separada por uma tampa com alguns furos. A tampa evita que no inverno o calor do ninho se perca muito, mas, por outro lado, as abelhas continuam a ter acesso à melgueira. O acréscimo de espaço na colmeia Golz ( acréscimo de melgueiras) é bem menos problemático do que nas colméias verticais. Como sabemos o calor sobe, o que faz com que, ao se acrescentar melgueiras nas colméias verticais devemos sempre ter uma precaução maior: não se deve acrescentar colméias demais no início das floradas da primavera, pensando em ganhar tempo, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento da colmeia ou as abelhas deslocam o ninho nas melgueiras, seguindo o calor, caso não seja usada uma tela excluidora.


Na colmeia Golz este fato não é possível de acontecer: primeiro a tela excluidora se encontra sempre no mesmo lugar, sem nunca precisar tocá-la; em segundo lugar a liberação de espaço na horizontal, ou seja, para trás do ninho não cria o problema de deslocar o calor para cima, o que permite um rápido desenvolvimento do ninho, mesmo tendo o mesmo 17 favos na frente. Fiquei impressionado com um enxame neste ano. Aqui na minha região, Guarapuava – Pr a florada inicia em meados de julho com a bracatinga e em seguida vêm algumas variedades de eucaliptos.

Havia um enxame que na última florada já conseguira construir todos os favos do ninho (17) e mais uns 4 ou 5 da melgueira proporcionando até já alguns quilos de mel. Como deixei bastante mel no ninho, pois o favo alto obriga o apicultor a isso, ou seja, o cinturão de mel por cima da cria é normalmente maior do que no favo baixo ( como é o caso do da langstroht ) fez com que o enxame se desenvolvesse de tal forma , que em fim de agosto o ninho já estava praticamente completo de abelhas e postura.


Nós no Brasil temos um costume pouco inteligente de deixar pouca reserva para as abelhas, sempre com a desculpa que “ elas se viram, sempre acham alguma coisa”, eta pensamento mesquinho e atrasado! Isso está totalmente errado: é conveniente deixar sempre uma ótima reserva, pois na verdade isso é um investimento que vale a pena e é apenas inicial, com um retorno muito maior mais na frente, além de você não perder famílias com fugas, mortes de pura fome ou presenciar colméias doentes. Um enxame só pode dar um retorno substancial ao apicultor, se o mesmo for forte, bem suportado de comida e saudável.

A título de experiência, deixe uma colmeia com uma melgueira de mel como reserva e colhe as outras como de costume e depois faça a comparação. Tenho certeza que você perceberá uma boa diferença!


Vantagnes e Desvantagens da Colmeia Golz em Relação a Outras Colmeia:

Não existe colmeia perfeita, que só apresente vantagens. Disso ninguém duvida, mas há colméias no mercado que, com certeza, permitem desenvolver enxames populosos com também um manejo mais racional. Passo agora a citar algumas vantagens como também as desvantagens que esta colmeia apresenta:


Ela é excelente para apicultura fixa, pois:
  • Usa favo alto 25x 33, sendo 17 na frente e 17 atrás. 17 favos Kuntzsch correspondem a 14 favos langstroht. Permite, portanto, enxames mais populosos.


  • Usa um único favo para o ninho e melgueira, facilitando o manejo e troca de favos velhos. Posso jogar favos do ninho para a melgueira e vice-versa.


  • Nunca levanto peso, ou seja, se pretendo verificar o ninho , não preciso retirar melgueira nenhuma.
  • Pode ser instalada na altura adequada do apicultor, pois o formato externo dela sempre é do mesmo tamanho.

  • Ao trabalhar posso até pendurar o fumegador na colmeia, tendo o mesmo sempre rapidamente ao alcance da mão.(Ver foto acima, número 1)

  • Como trata-se de uma colmeia de base mais ampla, ela se assenta bem firme no cavalete, não cai tão fácil e por outro lado o mesmo fato permite telhá-la melhor, as folhas de eternit ou outro material a ser usado, não voa tão fácil e também a chuva não a molha tão logo por ela não ser alta.

  • O enxame, ao ser manejado, fica bem mais calmo do que nas colméias verticais, pois nunca uma parte é posta de lado e, se o apicultor maneja o ninho, as abelhas procuram esconderijo na melgueira e vice-versa, ou seja, as abelhas sempre encontram um esconderijo escuro, diminuindo bastante a agressividade. Consigo hoje trabalhar um apiário de 10 colmeias Golz, fortíssimas totalmente sozinho, o que não acontecia com colméias langstroht nas mesmasn condições.

  • Como a tela excluidora é fixa ( está encaixada, é possível de ser retirada), ela não deixa dúvidas: sempre está lá com todas as suas vantagens e desvantagens. Como não toco na tela nunca, ela tem uma durabilidade bem maior.

  • Também a caixa em si tem uma durabilidade maior em relação às outras, pois trata-se de um caixão com fundo pregado, conferindo-lhe mais firmeza.


  • O alvado é amplo com dois centímetro de abertura de ponta a ponta, o que faz que cada favo tenha contato direto com oxigênio, fator esse que permite que as abelhas possam ventilar bem os favos de baixo para cima. Isso ajuda a não enxamear tanto e pelo fato também que a rainha rotaciona nos favos de um canto para o outro. Na colmeia horizontal, quando se trabalha com dois ninhos, os favos de postura do ninho de cima, não tem o mesmo oxigênio dos do de baixo e normalmente a rainha ocupa em cima normalmente 4 a 6 favos no máximo, a não ser que se facilite a ventilação em cima com calços entre as melgueiras ou furos especiais no segundo ninho.


  • A colheita de mel também é facilitada, cansa menos por causa da altura sempre adequada e pela menor agressividade das abelhas. O autor inventou umas melgueiras, denominadas de Honigbox, para a mesma. Outro invento fantástico. Com elas se colhe mais rápido e eficientemente o mel. Apresento o mesmo mais abaixo.

  • A alimentação no inverno sempre acontece na parte de trás com um alimentador especial que é ao mesmo tempo transporte e alimentador . Um tubo de tela de malha fina por dentro permite que as abelhas desçam e subam pelo mesmo sem se afogarem, não exigindo material de apoio para não afogarem. O galão que uso é o de água que se encontra em supermercados, cabem até 6 litros, acha-se em qualquer lugar, de custo barato e, como normalmente é colocado na parte traseira da colmeia, não provoca pilhagem, podendo se tratar as abelhas qualquer hora do dia. Como não cai sujeira nele, a alimentação sempre é limpa, nunca se derrama nada. O manejo dele é rápido e seguro: é só preparar a quantia certa em casa, tampá-lo durante a viagem, destampá-lo ao colocá-lo na colmeia. Porém é possível também tratar os enxames com outros alimentadores já conhecidos, como o boordman, cocho em forma de caixilho, o alimentador Miller , usado por cima da colmeia ,etc. Pode-se muito bem tratar pasta( mel com açúcar refinado, acrescido de alguma proteína) na parte traseira, pois há espaço suficiente.


  • Como se usa um único formato de quadro tanto no ninho como na melgueira, o manejo é facilitado muito no que diz respeito a troca de favos velhos, formação de núcleos. Esse processo também se tem na colmeia americana (langstroht) quando se trabalha com ninho e sobreninho.

  • Outro fator que me chama atenção é que se carrega pouco material. Tudo está sempre no lugar: não carrego tela excluidora, não carrego melgueiras, tampas ou fundos, alimentadores, tela de ventilação, enfim, com esta colmeia se tem tudo mais no lugar. Só quando se colhe o mel e quando se devolve os favos.
  • A colmeia se mostra excelente para produção de rainhas, na parte de trás como também geléia real. Sempre é necessário somente o levantar de uma tampa.

Desvantagens da Colmeia Golz:

Há um ditado que diz: onde há muito sol também existe sombra. Ou seja, como já enfatizei acima, não há colmeia perfeita.

  • Ela não existe no mercado brasileiro, portanto, precisa ser confeccionada por um marceneiro, o que nem sempre é muito fácil de ser achado. Eu achei um marceneiro aposentado que já fabricava colméias americanas. Este topou confeccioná-la para mim.

  • Ela tem um custo inicial maior do que colméias com partes intercambiáveis. Sempre preciso adquiri-la completa, não posso adquirir no início só o ninho, por exemplo.

  • Numa apicultura migratória, para uma pessoa sozinha, é inviável pelo seu peso e tamanho. Por outro lado, entre dois, ela é altamente competitiva, pois ela é fácil de ser fechada com uma tela encaixada na frente, é só tirar a tabuinha na parte de cima e já está pronta pra ser carregada.( Ver foto abaixo) A tela é permanente na caixa. As abelhas propolizam-na com o tempo. Por isso seria vantajoso que fosse intercambiável. Nas minhas por enquanto ela é fixa.



Não se precisa amarrar, pregar nada. A tampa possui uma patente por dentro que não permite que deslize para os lados. Para frente e para trás não pode por causa de um sarrafo. E não vazam abelhas facilmente por ser tipo um caixão fechado. Entre dois é boa de ser carregada, principalmente com um carregador conforme foto. Também no caminhão, carro utilitário ela possibilita um empilhamento seguro, por ter uma base larga.


Aqui o Rafael, meu filho mais velho, e eu carregando uma colmeia Golz de forma prática e segura.












Numa pampa consegue-se carregar 8 colmeias completas. Se abrir o tampa traseira da pampa, consigo carregar mais duas, porém estas precisam ser amarradas.

  • Ela ocupa bem mais espaço no caminhão que outras colméias, porém, como já foi dito, sempre levo-a, por outro lado, completa. Se outros apicultores levam mais enxames de vez, precisam por outro lado fazer uma viagem extra para levar melgueiras.

  • Não existe tela excluidora no tamanho ideal. Adaptei a que existe no Brasil e deitei-a. O madeiramento precisa ser feito de forma especial. Ver foto... Isto aumenta um pouco o custo da mesma. Seria fácil de se ampliar a mesma. Só que as indústrias exigem uma quantidade grande que justifique o ajuste do maquinário.

Algumas fotos de meus apiários com colmeias Golz povoadas.

Aqui estou preparado para entrar no apiário.















Aqui já estou no apiário Água Doce com 10 colmeias. Não costumo passar muito de 10 colmeias por apiário, no máximo 12.Esta é uma recomendação do próprio inventor da caixa Golz. Isto pode trazer algumas desvantagens econômicos a primeira vista, mas por outro lado, como esta colmeia permite que naturalmente se forme enxames muito forte, não é necessário se colocar tantos num apiário. O mel se concentra melhor, o manejo fica facilitado, pode ser feito por um apicultor e, principalmente, favorece as abelhas. Extressa-as menos, pois tem mais facilmente mel, pólen para todas.


Colmeia original Golz em isopor. Este tipo de colmeia apresenta vantagem de ser bem mais leve e protege melhor as colméias tanto no inverno como no verão das temperaturas.












Aqui um favo da melgueira tirado da colmeia de isopor. Pela cor, pode perceber que o mesmo já foi usado para postura. A troca de favo velho fica fácil de ser manejado: passa-se simplesmente do ninho para a melgueira. Depois que os filhotes nasceram e cheio de mel, centrifuga-se o mesmo e depois vai para o derretimento.







Aqui um favo de uma boa postura. Pode se ver a boa arcada de mel por cima. Essa arcada de mel se encontra em todos os favos com postura, às vezes mais forte ainda. Isto em 12 a 15 favos de 17 dá uma boa reserva para o inverno. Dois a três favos dos 17, favos mais laterais, normalmente estão cheios de mel.








Outro favo já quase operculado pela metade. Este não sofreu ainda postura, ou seja, este favo foi puxado na melgueira mesmo


















Minha esposa. Sempre quando pode me ajuda, uma valiosa ajuda.



Postura boa. Cera não muito bem encrustada no arame, deixa um filete sem postura.












Favo já dois terços operculado.Um favo cheio passa dos dois quilos e meio. Aqui só foi dado uma tira. O ideal é dar lâmina inteira. As Lâminas consigo num entreposto de melem Guarapuava.Eles laminal pra mim no tamanho do favo.








Troca de Rainhas


Outro fator que me motivou a investir nessa colmeia é o fato de ela permitir trocar a rainha de uma forma relativamente fácil, sem precisar procurar por ela. Nos livros de apicultura no Brasil encontra-se muito pouco em relação à troca de rainhas. É um assunto que normalmente ocupa poucas páginas levando em consideração a capital importância que este manejo tem.

Acredito que a forma que se ensina a troca seja o motivo. Procurar rainha em caixas fortes para serem substituídas é iludir o apicultor. Só funciona na teoria e em cursos. Os tais cursos em que se abra uma colmeia e ao redor têm 10 alunos a ajudar a procurar.

Aí os instrutores vem com a técnica da tela excluidora, do favo surpresa, da rainha na tampa,etc. É conversa pra boi dormir. Funcionar até funciona, mas não é racional. Quero ver os tais trocarem rainhas que fosse de 5 colmeias em um apiário de 20 caixas! A nossa abelha corre simplesmente demais nos favos, são ainda em muitos casos agressivas, o que dificulta uma troca de forma racional.

Pra quem quer praticar uma apicultura racional com objetivos econômicos não se pode valer de tais práticas. Necessita de manejos racionais que funcionem em colméias fortes e em várias num apiário, quantas forem necessárias trocar.

Como pratico a troca? Pois bem: não faço a troca direta, ou seja, não procuro pela rainha, crio um núcleo primeiro na melgueira. Nas épocas de entressafra, quando a melgueira está vazia, aqui na região de Guarapuava –PR isso acontece em dezembro-janeiro, transfiro do ninho para a melgueira dois a quatro favos: um a dois favos com mel e pólen, um a dois com postura. Tudo isso acontece rápido, pois trabalho sempre com a colmeia no mesmo nível: não preciso pôr uma peça sequer ao chão, nem mesmo o fumegador se assim desejar. Feito isso, giro a colméias para o lado das campeiras.A base do cavalete é giratória. Não faço a mínima força.

Em outras palavras significa que a parte de trás(melgueira) virou ninho. O que acontece na prática? Todas as campeiras que estão ou que ainda irão ao campo entram na melgueira agora. Elas não percebem diferença, visto que a entrada da melgueira e do ninho são iguas.

Claro, quando não uso o alvado da melgueira, o mesmo é fechado com uma tabuinha. Elas, não encontrando rainha, puxam realeiras no favo ou então cúpulas, dependendo o precesso que se tenha escolhido. Se não tiver muito tempo, deixo elas criarem a própria rainha. Se dispuser de mais tempo, então pode-se transferir larvas em realeiras ou mesmo introduzir rainhas novas. Assim que a nova rainha nascer verifico se a postura é boa e se tudo está dentro da normalidade.

Aos poucos vou passando os favos da rainha velha para frente, até não sobrar mais nada. Pode- se fazer isso de vez, assim que a nova rainha estiver com postura e se o tempo urgir. Se assim for procedido, a rainha velha atrás será eliminada pelas próprias abelhas.

O lado bom dessa técnica é que nada apressa o apicultor, nem a rainha velha e nem a nova.

Caso a nova seja perdida, posso ainda contar com a velha ou então repetir o processo.

Outra forma de se proceder é não eliminar a velha, pois ela continuará a fazer sua postura e só ajuntá-lo com a nova na primavera. Tenho dessa forma um reforço ou um reforço para outras colméias que estão meio enfraquecidas.
Outro fator importante é o seguinte: quando formar um núcleo novo na melgueira com o intuito de troca de rainha, posso pegar um favo bastante claro com ovos novos de um a dois dias de uma rainha boa que vale a pena ser multiplicado. Deixo realeiras somente neste favo se desenvolverem. Procedendo sempre desta forma vou melhorando a cada ano a qualidade do meu apiário. Ao escolher uma rainha para ser multiplicada, observe-a no mínimo dois anos, melhor mais. Só assim você terá mais certeza de produção, mansidão e enxameação e saúde da mesma.

Também nunca multiplique uma só, sempre duas ou mais. Em cada apiário normalmente a gente encontra uma boa. Desta forma você estará multiplicando o material genético bom não apenas de uma rainha e sim de várias, o que evita no futuro um empobrecimento genético. A própria natureza é o melhor exemplo deste método.



Honigbox – o que são?


Por fim quero ainda apresentar a melgueirinha que ele denominou de Honigbox( box de mel). São pequenos boxs, cada qual com com seis favos fixos,que quando bem cheios, contém até 9 quilos. Ao invés de usar favos normais no ninho, o autor usa quatro Honigboxs na melgueira, que são facilmente e rapidamente colocados, colhidos e carregados. Ao se colher o mel você tira apenas 4 boxs desses, livra-os das abelhas com leve sacudidas e já colheu o mel todo de uma colmeia.

Você consegue carregar duas colméias de vez, uma em cada mão como se estivesse carregando baldes de leite. Para desoperculá-los, o autor inventou uma desoperculadora automática que abre os 6 favinhos de vez da melgueirinha e coloca a mesma inteira na centrífuga.

Caro, amigo apicultor, você consegue se imaginar o ganho de tempo com estas melgueirinhas? Como ainda não tenho experiência no uso delas, no momento estou testando 6 melgueirinhas, não tenho ainda condições de dizer algo mais concreto. Assim que tiver mais experiência com as mesmas, volto a relatá-la neste blog. Por enquanto apenas algumas fotos do autor demonstrando um pouco como se trabalha com as mesmas. Estas fotos tive o privilégio de tirar na casa dele por ocasião de uma visita.


Aqui a melgueirinha posta numa centrífuga pronta para ser centrifugada. A centrífuga é uma normal, com capacidade de 20 quadros, apenas com uma estrutura interna diferente. Ela assim tem capacidade de receber 4 melgueirinhas: uma forma eficiente de centrifugação de grande capacidade de mel sem investimentos volumosos. Segundo o autor, com a ajuda de mais uma pessoa, é possível se centrifugar até mil quilos de mel por dia.






Aqui a desoperculadora. Seis facas que num movimento de “sobe e desce” abrem os 6 favinhos de vez. Como trata-se de favinhos grossos, os mesmo são atingidos pelo corte das facas. Uma faca grande de pão também faz o mesmo serviço, evitando-se adquirir esta desoperculadora que custa em torno de 3.500 euros. Pela eficiência dela não chega a ser cara.








Aqui o depósito das melgueirinhas do Sr. Golz. Uma vez os favos puxados e nunca receberem postura, a durabilidade das mesmas é maior que a vida de qualquer apicultor, sem necessidade de renovação e de tratamento contra a traça. Com mais esse invento foi possível ao senhor Golz manejar sozinho 200 colmeias, selecionando e trocando rainhas regularmente. Segundo ele quase sempre colhia o mel sozinho. Como era empregado e portanto trabalhava 8 horas por dia, na época da colheita colhia 15 colmeias de vez, em torno de 300 a 400 quilos, dependo da florada e do ano. Este mel ainda era centrifugado à noite. Quem consegue fazer isso com colméias americanas?

Foi este o fator que me chamou atenção na apicultura Golz. Pensava comigo: alguma coisa há de diferente nesta colmeia para que se possa ter uma eficiência tamanha. Ao pesquisá-lo e lendo e relendo toda a sua literatura, fez com que me sentisse motivado a investir nesta colmeia, sabendo de antemão de algumas dificuldades que iria encontrar na sua implantação aqui. Até o momento não estou nada arrependido, muito pelo contrário

Aqui uma foto dele diante da casa em Hamberg, entre duas colméias Golz, uma em madeira e outra em isopor, da qual tenho uma. (Ver foto acima). O senhor Golz tinha nesta foto 81 anos( 1997).Ainda cuidava na ocasião de 120 colmeias sozinho. Esta colmeia permite que a apicultura possa ser desenvolvida com uma idade muito avançada. Há poucos dias fiquei sabendo que nos deixou com em torno de 90 anos.




Aqui sua residência. Está parado diante da porta que dá acesso à sala de centrifugação.

Ele foi um apicultor extremamente prático, inteligente e muito crítico com relação a certas teorias que se pregam no campo da apicultura no mundo e especialmente na Europa. É autor de vários livros e textos em revistas especializadas em apicultura. Enxergou muito além do demais na sua época. Na minha opinião o trabalho pioneiro que realizou para a apicultura alemã, ainda não foi merecidamente reconhecido. Porém muitos estão começando a entender sua maneira de ver o mundo através das abelhas. De forma humilde, simples, deixou a todos nós apicultores um legado importante para a apicultura da posterioridade.



Aqui mais umas fotos de algumas floradas típicas aqui.